“Ele respondeu: ‘Se vocês tiverem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderão dizer a esta amoeira: ‘Arranque-se e plante-se no mar’, e ela obedecerá.”
Essa semana, o mundo evangélico está sobrecarregado por um turbilhão de críticas ferrenhas, elogios inesperados e pessoas loucas para opinar em relação à entrevista concedida pelo Pr. Silas Malafaia à jornalista Marília Gabriela. Eu particularmente posso dizer que tenho lido absurdos dos dois lados da história – a razão nem sempre está certa, dependendo de como ela é defendida. O ponto é que quando os ensinamentos bíblicos são criticados com tanta destemperança, falta de intimidade (como se aquilo fosse de outro mundo), nada se assustam os cristãos de verdade, creio eu.
Afinal, como já disse no último texto, o cristianismo comprometido é o único caminho que deve ser tomado desde o início – ele não se adapta ou se encaixa no hoje, não é um ‘plus’ na sua vida cotidiana, e sim um nascer de novo: isto é, só é cristão quem nasceu de novo. E quem nasceu de novo tem passado e estrada, sabe o que é não crer, pois um dia já viveu assim. Sabe a sensação de tentar ler um livro com palavras rebuscadas, que fala de uma época que já passou – como a própria Marília Gabriela lembrou – e o que é como uma criança tentar encaixar as peças de um quebra-cabeça e não conseguir. Aquilo não faz sentido. É interessante, fala de moral, mas o que tem a ver com hoje, agora, 2013? Uma lacuna se abre, e se transforma em dúvidas, que geram negações. O pastor inglês John Piper diz que “A Bíblia não é um livro-texto a ser debatido. É uma fonte que satisfaz a sede espiritual e a fome da alma”. E aí a fonte que era para jorrar transformação, esperança, vira um texto. E textos são analisados, manipulados, não são poderosos, é verdade. Por isso a Bíblia fala que "Não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata e o Espírito vivifica”.
A fé é algo complicado mesmo. Como não seria? A definição bíblica é 'a certeza das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veêm'. Por isso, ela sempre fala exatamente o que as circunstâncias negam. Ela é invisível exatamente porque exige dedicação; é invisível, porque é contrária a tudo o que se vê com os olhos humanos. A fé cala as especulações, rende milagres aos que apostam enquanto os críticos discutem. Dá choro de alegrias enquanto a polêmica é analisada, e é também o antídoto para as doenças do século: ansiedade e depressão. É alguém que diz ‘faz’ quando tudo diz ‘retenha, pode dar errado’. Sem fé, somos apáticos. Sem ela, somos iludidos de que a emboscada é na verdade um atalho. Ajudamos, nos compadecemos como uma forma de barganhar com Deus e nos sentirmos melhor, quando na verdade a fé é um dom gratuito. É presente de Deus pra humanidade e o caminho mais curto para a felicidade. (‘Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie’). É entregar a alma, porque lá se encontram as feridas. Assumir a necessidade de alguém Maior que você comandar a sua vida. É dar um cheque em branco assinado nas mãos de quem carregou o pecado da humanidade nas costas– e agora te carrega também.
Ser cristão é fácil e difícil ao mesmo tempo: difícil porque para haver vida nova, deve haver primeiramente destruição. Jesus disse que quem viesse após Ele teria que tomar a própria cruz e negar-se a si mesmo; e fácil porque uma semente de mostarda é algo muito pequeno diante da infinidade de coisas que cobram nossa fé nesse mundo doido, e dentro de nós principalmente. Vale lembrar que sem a destruição, o lindo jardim não seria possível. Esse jardim é o espelho de uma relação saudável entre Pai e filho. Como escrevi certa vez, o ser humano não precisa de explicações, teorias ou argumentos - as maiores não usam 5% da nossa capacidade cerebral. Precisamos de cura, colo, entendimento e razão de vida. Newton nunca foi questionado quanto à gravidade, assim como Jesus não deve ser confrontado com as questões da alma. Ele oferece ser pai para o órfão, marido para a viúva e médico para o doente. Isso, nenhum filósofo nunca ofereceu. Parece loucura, mas é isso mesmo. Chegamos na era que a bíblia previu, quando 'os loucos confundirão os sábios'. É provar e se apaixonar, ou viver o resto da vida procurando seu encaixe perfeito.