quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Porque eu não sou um ateu - C.S. Lewis


"Meu argumento outrora contra Deus era que o Universo se parecia  tão cruel e injusto que Deus não poderia existir. Mas afinal, como eu consegui esse pensamento de Justo e Injusto? Na verdade, ninguém pode chamar uma linha de torta, ao menos que esse alguém tenha uma ideia em sua mente do que é verdadeiramente uma linha reta. Então com o que exatamente eu estava comparando esse Universo quando o chamei de injusto? Bem, se tudo demonstrava que o cosmos era mal e sem sentido, de A até Z, então não poderia responder a mim mesmo o porquê de ter me encontrado com tal reação de violência contra o próprio Universo. Um homem não se sente molhado quando ele cai dentro da água simplesmente porque não é um animal marinho: Um peixe não pode se sentir molhado.  

De fato eu poderia ter desistido da minha ideia de "Justiça" por afirmar que ela não era mais uma ideia privada que cabe somente a mim mesmo, mas se eu admiti isto, logo meu argumento contra Deus foi por água a baixo, pois o argumento dependia de dizer que o mundo era realmente injusto, não apenas para que isto venha a agradar minhas fantasias privadas. Então o meu ato para tentar provar que Deus não existe, em outras palavras, que tudo na realidade era sem sentido, entraram em colapso. Agora não havia outro jeito, admiti e assumi que uma parte da realidade, a saber minha ideia de justiça, tinha todo sentido do mundo.

 E por consequência, o Ateísmo acaba por ser simples demais, pois se tudo o que há no universo não tem significado, nunca teríamos conseguido descobrir que não há sentido nele, por exemplo: se não havia Luz no Universo, então as criaturas não teriam olhos, nunca saberíamos que isso estava escuro ou que aquilo estava claro, tudo na escuridão seria sem significado. A palavra ‘escuro’ não faria sentido."





terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Só os loucos sabem...


“Ele respondeu: ‘Se vocês tiverem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderão dizer a esta amoeira: ‘Arranque-se e plante-se no mar’, e ela obedecerá.”

Essa semana, o mundo evangélico está sobrecarregado por um turbilhão de críticas ferrenhas, elogios inesperados e pessoas loucas para opinar em relação à entrevista concedida pelo Pr. Silas Malafaia à jornalista Marília Gabriela. Eu particularmente posso dizer que tenho lido absurdos dos dois lados da história – a razão nem sempre está certa, dependendo de como ela é defendida. O ponto é que quando os ensinamentos bíblicos são criticados com tanta destemperança, falta de intimidade (como se aquilo fosse de outro mundo), nada se assustam os cristãos de verdade, creio eu.

Afinal, como já disse no último texto, o cristianismo comprometido é o único caminho que deve ser tomado desde o início – ele não se adapta ou se encaixa no hoje, não é um ‘plus’ na sua vida cotidiana, e sim um nascer de novo: isto é, só é cristão quem nasceu de novo. E quem nasceu de novo tem passado e estrada, sabe o que é não crer, pois um dia já viveu assim. Sabe a sensação de tentar ler um livro com palavras rebuscadas, que fala de uma época que já passou – como a própria Marília Gabriela lembrou – e o que é como uma criança tentar encaixar as peças de um quebra-cabeça e não conseguir. Aquilo não faz sentido. É interessante, fala de moral, mas o que tem a ver com hoje, agora, 2013? Uma lacuna se abre, e se transforma em dúvidas, que geram negações. O pastor inglês John Piper diz que “A Bíblia não é um livro-texto a ser debatido. É uma fonte que satisfaz a sede espiritual e a fome da alma”. E aí a fonte que era para jorrar transformação, esperança, vira um texto. E textos são analisados, manipulados, não são poderosos, é verdade. Por isso a Bíblia fala que "Não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata e o Espírito vivifica”.

A fé é algo complicado mesmo. Como não seria? A definição bíblica é 'a certeza das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veêm'. Por isso, ela sempre fala exatamente o que as circunstâncias negam. Ela é invisível exatamente porque exige dedicação; é invisível, porque é contrária a tudo o que se vê com os olhos humanos. A fé cala as especulações, rende milagres aos que apostam enquanto os críticos discutem. Dá choro de alegrias enquanto a polêmica é analisada, e é  também o antídoto para as doenças do século: ansiedade e depressão. É alguém que diz ‘faz’ quando tudo diz ‘retenha, pode dar errado’. Sem fé, somos apáticos. Sem ela, somos iludidos de que a emboscada é na verdade um atalho. Ajudamos, nos compadecemos como uma forma de barganhar com Deus e nos sentirmos melhor, quando na verdade a fé é um dom gratuito. É presente de Deus pra humanidade e o caminho mais curto para a felicidade. (‘Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie’).  É entregar a alma, porque lá se encontram as feridas. Assumir a necessidade de alguém Maior que você comandar a sua vida. É dar um cheque em branco assinado nas mãos de quem carregou o pecado da humanidade nas costas– e agora te carrega também.

Ser cristão é fácil e difícil ao mesmo tempo: difícil porque para haver vida nova, deve haver primeiramente destruição. Jesus disse que quem viesse após Ele teria que tomar a própria cruz e negar-se a si mesmo; e fácil porque uma semente de mostarda é algo muito pequeno diante da infinidade de coisas que cobram nossa fé nesse mundo doido, e dentro de nós principalmente. Vale lembrar que sem a destruição, o lindo jardim não seria possível. Esse jardim é o espelho de uma relação saudável entre Pai e filho. Como escrevi certa vez, o ser humano não precisa de explicações, teorias ou argumentos - as maiores não usam 5% da nossa capacidade cerebral. Precisamos de cura, colo, entendimento e razão de vida. Newton nunca foi questionado quanto à gravidade, assim como Jesus não deve ser confrontado com as questões da alma. Ele  oferece ser pai para o órfão, marido para a viúva e médico para o doente. Isso, nenhum filósofo nunca ofereceu. Parece loucura, mas é isso mesmo. Chegamos na era que a bíblia previu, quando 'os loucos confundirão os sábios'. É provar e se apaixonar, ou viver o resto da vida procurando seu encaixe perfeito.