Certo autor tem uma série de
livros que trata sobre as características marcantes da personalidade de Jesus.
E uma das que mais me chama atenção é a forma como protegeu seu emocional. O
livro lembra um detalhe importante: Jesus trabalhava como marceneiro, utilizando
as ferramentas – prego, martelo, madeira – que um dia o matariam. Imagine só o
que é acordar, ir até o quintal de sua casa começar suas atividades, quando um insight te diz dia e hora da sua morte.
Um bom começo para um trauma gigante, já que Ele era feito de carne e osso como
nós, não é?
Jesus sofreu também a dor da traição, mas teve
sabedoria para não gerar trauma no traidor, pois sabia até onde aqueles
corações aguentavam – Judas se suicidou por remorso, e não arrependimento, se
tivesse se arrependido, teria sido perdoado.E nós, como lidamos com as nossas
avarias? Existem pessoas tentando comprimir no tamanho de uma frase o resultado
de um universo inteiro, feito de escolhas próprias, consequências externas e,
principalmente, de onde se deposita a fé vital. Eclesiastes diz que “o tempo e
o acaso afetam tudo”, é verdade, mas o ponto onde você olha importa muito mais
do que o trajeto que o fará chegar até lá. O que impulsiona a sua vida?
Mães que justificam a doença dos
filhos, mulheres e seus casamentos falidos, pessoas traumatizadas, gente que
tem pavor da morte. Estou falando de pessoas que quando falam o nome "Deus", na verdade se referem a vida em geral. E vida inclui nossos erros, desequilíbrios, falta de foco - percebe como Deus pouco tem a ver com isso? São no ombro dessas pessoas que o passarinho da insensatez
pousa e, com explicações medíocres, finge amenizar o sofrimento, assentindo de
que ele existe, mas não derrubando o prédio de feridas construído em cima dele.
A história real, o segredo da
humanidade, é que Deus criou o homem para estar perto Dele. Ele não disse que
estaria dentro do homem, mas sim que entraria na casa de quem O convidasse. No
Antigo Testamento, a vida era embasada na lei. Sacrificar alguns carneiros já
era forma de demonstrar devoção. Ser religioso bastava. Mas após o filho de
Deus passar pelo mundo, temos de ser mais sinceros. A cura virou questão de
querer. Enquanto você tenta achar explicações para a doença que assolou sua
casa, Ele se oferece a curá-la. Enquanto você justifica o fim do casamento, Ele
diz que será o seu marido. Enquanto você procura em doutrinas o seu futuro, Ele
diz para você não temer, se despir, confiar. A água do mundo molha a boca, mas
fonte de água viva mata a sede de toda a alma.
Adão se justificou, mas ainda que
convencesse alguém continuaria podre por dentro. Salomão, depois de uma vida
com fartura e prosperidade, questionou “do que valeu a minha sabedoria?”. Viver
sem foco, é verdade, é como correr atrás do vento. O maior pecado é a autossuficiência, pois se Deus quer relacionamento, querer viver sozinho é uma afronta a ele. Esse foi o erro de Lúcifer.
Temos que procurar estar
protegidos, não de argumentos de livros ou psicologia popular, porque a Letra mata. Mas pelo argumento
vivo, pelo Verbo que se fez carne, porque
o espírito vivifica. Deus não está em todo o lugar, mas isso não significa que
Ele esteja longe. Ele também não castiga ninguém, tudo de ruim o que acontece é brecha nossa. Só é necessário se prevenir, se submeter ao “Encantador”
antes de ser mordido, pois depois, não há nada do que se possa fazer.
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